quinta-feira, 14 de agosto de 2014

O mal que nunca se quebra (Crítica e análise da série Breaking Bad)

Sobrepor as melhores opiniões e críticas da série Breaking Bad produzida por Vince Gilligan, que teve sua estreia em 20 de Janeiro de 2008, é um ato de coragem e ao mesmo tempo trabalhoso e difícil. Uma série repleta de dramas, ações e politicas incorreta, onde há diversas filosofias e ciências aplicadas merece uma ampla atenção e estudos.
      Começa-se entender o quão  patológica é a história da série, logo no episodio piloto, onde vemos um homem de aparência velha, apenas de cueca, pronto para combater a policia, rangendo os dentes de ódio, e transparecendo saber o que está fazendo, mas que na verdade essa transparência vai embora, assim que reconhecemos a sua imagem distorcida como professor de química, em sala de aula. Walter White é o personagem que atrai total atenção do público, impossível não questionar as ações favoráveis. Professor de química, mal compreendido por sua turma, que trabalha meio período em um lava-rápido, que se submete a submissão em relação ao seu chefe e sua esposa, deprimente situação nos entrega esse homem, anti-herói. Descobrindo seu câncer-terminal, sua vida entra em estado anarquista e rebelde.
       O homem em total pensamento imoral compõe a sua ideologia de vida, de acordo com o que crê, convive e discute. Sendo o imoralismo o perturbador enigma regente da série, conquista-se o labor de questionar o que é certo e o que é errado nas atitudes tomadas por White.
      John Stuart Mill e Jean-Paul Sartre reconheceriam suas filosofias se assistem a série. O utilistarismo, de John Mill, nos diz que se cada vez você faz coisas consideráveis boas para as outras pessoas, você é uma boa pessoa, mas se cada vez mais faz coisas que prejudicam as pessoas, você é uma pessoa má, e é com essa filosofia, que questionamos o pensamento de Walter White, ao prometer produzir metanfetamina para deixar um legado a própria família. Primeiramente o desejo de Walter é admirável, um homem com câncer terminal nos estados decadentes de vida não tem muito o que deixar ao partir e fazer por amor, proteção e ajuda a família, ele está fazendo o bem, porém o mal está em quem ele está prejudicando, pessoas que consomem esse tipo de droga, logo estão propensas ao perigo e perder a razão e a escolha de caminhos. Considerando que se esses consumidores desse tipo de droga não comprassem a “azulzinha” de Walt, comprariam a de outro traficante, Walter White ainda sim prejudica e pratica o mal, colocando sua família em risco, sendo dois filhos e sua esposa, a qual ele demonstra amar estranhamente.
      O existencialismo de Jean-Paul Sartre nos faz entender que viver sobre pressão do medo da morte é viver uma vida infeliz e insatisfatória. É uma doutrina não religiosa, mas que segue a filosofia de que o homem deve cruzar seu destino de acordo com sua vontade sabendo que um dia morrerá. O ser humano é capaz de compartilhar de milhares emoções e conhecer novas culturas e estudos na sua única vida na Terra, porém é preso por religiões, comerciais e outros tipos de manipulações. O existencialismo faz do homem um ser único, sem alguém pra ditar suas regras e mostras seus caminhos a trilhar, fazendo assim culposo e responsável por seus próprios erros, mas também respeitável por suas ações benéficas. Walter White ao saber do câncer terminal, sabe que tem pouco tempo de vida, então modifica seu modo de viver rapidamente, para que possa desfrutar do que nunca tivera antes oportunidade ou até tivera medo.
      Com razão, Walter White se torna Heiseberg, que foi o nome perfeito para dar ao alter ego de White. Wener Karl Heisenberg foi um físico/filósofo alemão, que formulou ideias do princípio da incerteza.
    Consequências trazem consequências, é o pensamento de um consequencialista, e é o pensamento de Walter White. Ele sabe que seus atos são praticados por sua obsessão de deixar um bom dinheiro para sua família, mas também sabe que de acordo as leis de seu país, que o que faz é errado e imoral.
     O Sonho Americano foi bem elaborado na série, o sonho foi construído e destruído diversas vezes; combater a miséria, fazendo-o na miséria. Jesse Pinkman é um jovem rebelde e viciado, que ao longo das temporadas vai desenvolvendo uma visão diferente sobre o mundo. Não sendo criado pelos pais, seu aspecto de vida, é vadia e aborrece qualquer um que descobre quem poderia ser Jesse Pinkman sem as drogas. Simpático e criativo poderia trazer esperança para os viciados, mas o que mais dói na série é ver a realidade dos viciados incorporada na alma de Pinkman, ele não consegue fugir desse male. Tanto que vende, tanto que usa. Marie, é uma mulher contraditória, julga Skyler e White o tempo todo, mas nunca parou para de se repreender depois de praticar atos criminosos. Ela abusa da autoridade do marido, Hank é manipulado e não enxerga que roubar também é um crime considerável grave quanto produzir droga. Ouvir as frases clichês de Hank dá náuseas e ódio. Homem competitivo e deselegante, nunca atraiu a afeição e simpatia de Walter White, ainda mais quando o químico está em alto nível de produção e poder. Gus, um homem estratégico, enigmático e sociopata, as cenas em que aparece descarregamos o ódio nele. Gus guarda um rancor, tristeza e amargura dentro do seu olhar perturbador; seu grande amigo (isso se não for seu amor de vida) foi morto em uma reunião de traficantes do Cartel do Novo México.
      Mesmo com o final da série, é lamentável o índice de pessoas viciadas e traficantes que acabam morrendo ou praticam mortes por causa da droga. A serie não apenas apresenta diversas filosofias e ideias como também enfatiza a horrenda situação da realidade do mundo das drogas. Não é atoa que o tipo de plano usado em muitas cenas dos episódios são para pegar as cenas que criticam o mundo criminoso, a psicose de uma mente bandida, a pecaminosa mente de quem trai e o paraíso proibido de quem consome droga. A série continua sendo exibida todos os dias na realidade. Milhares de drogas são produzidas e vendidas por dia. O que é certo e o que é errado é questionado demais que não conseguimos achar as melhores maneiras de fazer o mal virar o bem. Tratando da realidade, considera-se a visão ampla da série a crítica de quem não conhece ou até conhece a triste situação, enquanto assistimos a esta incrível série, onde produtores de drogas são os heróis, a ideia e crítica de Vince Gilligan é implantada de leve; a realidade nos faz abrir os olhos e nos faz quebrar o mal.


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